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segunda-feira, 10 de março de 2014

Ensinar no mundo corporativo

"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção." A partir desse pensamento do educador brasileiro Paulo Freire, provoquei um debate numa rede social perguntando: Na sua opinião, a frase de Paulo Freire se aplica ao mundo corporativo?

Tão antigo quanto a Filosofia, o pensamento educacional se desdobra em várias correntes. Paulo
Freire desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para ele, o objetivo maior da educação é conscientizar. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. Freire entendia que a educação deveria se dar num processo dialógico que possibilitasse o desenvolvimento da consciência crítica para a formação da personalidade democrática.

E no mundo corporativo, como seria a educação na visão de Paulo Freire? Leia alguns trechos dos comentários e opiniões:

"Concordo totalmente! Essa, talvez seja a maior contribuição de Paulo Freire para a comunidade escolar e para todos os que leram algumas de suas obras. Além do que ninguém transfere conhecimento como se fosse uma conta bancária, depositando conhecimento. O grande fenômeno é o estímulo para que a aprendizagem aconteça. No mundo corporativo: O estímulo é para fazer acontecer! Com criatividade, mas principalmente tendo conhecimento daquilo que deverá ser desenvolvido e, nesse caso é fundamental que o indivíduo em questão aprimore seu saber. Sendo que muito desse saber se concretiza no ato da execução."

"Sim, com certeza se aplica ou pelo menos deveriam se aplicar; mas o grande desafio é encontrar líderes com tal flexibilidade de permitir que o seu par ou liderado construa conhecimentos de fato. Este desafio precisa ser superado."

"Certamente!!! Paulo Freire nos auxiliou a partir de suas bibliografias a perceber que ano após ano estamos estagnados em uma "educação bancária" dentro e fora da Escola, mostrando que há os que determinam e há os que meramente cumprem. Por outro lado nos mostra também que há uma brecha para revertermos este processo - que qualquer indivíduo tem capacidade de criar e construir a partir de uma meta, de objetivos... determinados..."

"...Bom saber que os gestores estão mudando o conceito do ato de ensinar e de aprender, pois creio que isto só ocorre se realmente houver uma troca de vivências e internalização oportunizando uma nova concepção de aprendizado, reflexão e próspera criação."

"Com certeza, acredito nessa afirmação! O conhecimento se constrói a cada dia! Ninguém transfere conhecimento para outra pessoa, e sim, cada um constrói o seu conhecimento, de acordo com a sua realidade, com a bagagem que traz, com suas vivências, experiências profissionais, acadêmicas e de vida! A criatividade também tem grande contribuição em todo esse processo, pois podemos transformas dificuldades em oportunidades para crescer, sugerir novos projetos, ferramentas adequadas para alguma situação específica! Enfim, construindo o conhecimento, ele é efetivo, e faz do sujeito da ação alguém preparado para contribuir com a comunidade que atua!"

Para ampliar ainda mais a discussão, argumentei que educação é um processo, exige planejamento, recursos, tempo para execução e mensuração. Na contramão, o mundo corporativo cobra prazos cada vez menores, a pressão por resultados é cada vez maior, a rotatividade de pessoas é enorme em todos os níveis e por aí vai. E aí? Vejam as respostas:

"Este é um dos grandes problemas! As pessoas, empresas, organização em geral não querem mais "perder tempo" com planejamento e treinamentos e ai o risco dos atropelos e tempo realmente perdidos são maiores."

"Infelizmente pessoas com a visão de um CEO que acha que o desenvolvimento no mundo corporativo tem que ser de curto prazo não quer desenvolver ninguém. Toda mudança precisa de tempo, quebras de paradigmas e inovações, não se consegue isso em curto prazo. Hoje já esta certo de que para a empresa se tornar competitiva e assim trazer resultados é necessário o desenvolvimento real, verdadeiro de seu pessoal..."

"...falta um pouco de compreensão pelos contratantes, gerentes e outros cargos superiores para que entendam que nem todo mundo aprende, molda e bota em prática o que aprendeu ao mesmo tempo e da mesma forma. Em suma, não existe um padrão. Há que se ter mais planejamento, mais paciência e principalmente - o mais forte de todos, na minha opinião - MENTE ABERTA. Sim, eu sei que resultados tem que ser pra ontem, que quem está do outro lado do balcão não quer nem saber se tem empregado aprendendo em ritmo mais lento do que o outro e que por isso, sua entrega está atrasada. Enfim, penso que isso também acarretaria em se "reeducar" a sociedade como um todo."

"Acredito na educação como uma via de mão dupla FAMÍLIA - ESCOLA, e assim como na escola e na família, o mundo corporativo também necessita de momentos de reflexão, de troca de experiências, de compartilhar atividades que deram certo, e também as que deram errado para não se repetir o erro! É necessário sabermos, que cada um aprende no seu ritmo, e tem habilidades específicas, e que este fato deve ser levado em conta! A MENTE ABERTA, acredito que resulta nessa consciência de abrirmos espaço para todos esses momentos de troca, que com certeza, vão acrescentar muito nas empresas que apostarem nessa ideia."

"Este estereótipo no mundo corporativo que os resultados tem que ser apresentados em curto prazo, sem se preocupar com a formação e informação do SER HUMANO tem que ser repensado! Se faz necessário quebrar alguns paradigmas, principalmente no que tange aos empresários, pois quanto mais se investir na formação da suas equipes, melhores resultados eles terão, e uma equipe bem qualificada e feliz com a relação EMPRESA - FUNCIONÁRIO vai tornar esse funcionário alguém que, na verdade vai ser o principal cliente da Empresa em que trabalha!"

A conclusão é que todos os participantes do debate concordam com o pensamento de Paulo Freire e acreditam que as organizações devem se apropriar dele. Entretanto, há um distanciamento entre a teoria e a prática, causado principalmente pela pressão por resultados e falta de tempo e recursos para investir num processo de educação mais pensado e planejado. É fato que, tanto empresários quanto educadores e profissionais ligados à formação de pessoas nas empresas, devem continuar juntos na busca de alternativas para o equilíbrio dos interesses. Um bom começo é conhecer os exemplos de quem já chegou lá!

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